Você quer realmente ser um inovador?
coluna | por Victor Megido | @victor_megido
Cuidado com o que você deseja, isso pode se realizar!
Brincadeira à parte, o que seria esse inovar? É mudar. É projetar, irrompendo ao novo, ou também se adaptando ao velho. E ambos pedem grande esforço.
“Inovar é preciso, viver não é preciso”, parafraseando com humor Fernando Pessoa.
Mudar pode significar projetar um espaço adaptado ao “conformismo”, ou pode ambicionar quebrar as regras, criando a disrupção. Não é banal. Um projetista está sempre negociando com a mudança, sempre se adaptando ou avançando. E a depender dos valores, da química de cada um, o PROJETO será uma extrapolação do passado, ou será uma busca por novas perspectivas.
Muitas vezes dizemos que para inovar precisa pensar fora da caixa. Quando passamos das palavras aos fatos, isso ocorre no mundo dos inconformados e loucos que pensam “de verdade” diferente. Se um projeto inova, ele é criativo e, certamente, tem alma. Ele é fruto de muita negociação, stress, luta, instinto, lucidez e diálogo. O que seria a criatividade senão a arte do combate! Não há espaço para mediocridade quando o assunto é a criatividade, mãe da inovação.
Realizar projetos para o status quo não é ruim, vejo muita gente arrogante menosprezando tais criativos. O mercado precisa ser atendido, o design existe para isso também. E não é fácil, pede muito diálogo e talento, flexibilidade onde os perímetros e egos são mais rígidos.
Na maior parte das vezes, a inovação é incremental. Me incomoda quando se confunde esse tipo de inovação com a disrupção. Aí vira “palavra oca” e vencem os flautistas mágicos. Nas escolas e nas empresas ouço muito essa coisa de inovar para quebrar regras. Loucos revolucionários fazem isso, mudam doando a própria vida à obra. E a certo ponto se tornam bandeiras hasteadas ao longo da história. Como foram Gandhi, Van Gogh, Beethoven, John Lennon, Espinoza, e tantos outros. Raramente vivem em paz tais criativos.
Esse inovar tão invocado pelas pessoas é agir com o amor, não existe varinha mágica. E projeto bem-sucedido – seja para o público que for – é obra de lucidez, coração e instinto. Às empresas, sempre que posso, provoco dizendo que o “brainstorming + canvas” por si só não levam a lugar nenhum.
Quando falamos de design thinking, por exemplo, poucos têm a paciência de indagar, de respeitar o processo inicial onde aprofundamos e imergimos no desafio, no problema. E poucos querem prototipar. Aos impacientes cito sempre a celebre frase de Albert Einstein: “Se eu tivesse uma hora para resolver um problema e minha vida dependesse dessa solução, eu gastaria 55 minutos definindo a pergunta certa a fazer, porque quando soubesse a pergunta certa, poderia resolver o problema em menos de cinco minutos”.
foto | Pixabay