Abram as janelas, deixem as cores entrar
coluna | Victor Megido | @victor_megido
Imagine um quarto em penumbra. Desenhe nele uma janela aberta para o mundo. Como fosse um quadro de Rothko, uma tela em azul pastel e amarelo cremoso como só o céu sabe ser.
Agora, imagine a harmonia e projete um espaço de esperança, campo onde pode pensar o mundo em cores. Decorar é tornar mais belo o mundo! E não haveria esperança se não houvesse um céu azul como este lá fora. Para os que não podem sair, em tempos de quarentena, dá para sentir com os olhos, em doce observar a quietude do amplo lago azul.
Todo o criativo é um buscador de harmonia e de beleza. Ele não é nem 100% sábio, nem totalmente tolo. Ele é pitoresco hoje, neoclássico amanhã, luz e sombra, ele é chiaroscuro. Não um quadro preto, nem somente branco. E somente a criatividade pode transfigurar a desordem do mundo.
Uma janela aberta em um quarto escuro reflete o drama interior do ser e a vontade de emancipação. Para mim, as cores são a libertação, representam todas as emoções e todas as ideias. As crianças compreendem isso e parece que os adultos esquecem, preferem viver nas sombras. Nas cores vejo tons fortes, esperançosos, dóceis e amigáveis, mesmo que sobre superfícies movediças de um quarto, uma sala, um ambiente onde a mudança é uma constante.
Tempos difíceis como os atuais pedem mais cores! Então, amigos criativos, sejam generosos. Da janela azul turquesa deste escuro quarto imaginado eu te escrevo, abraço a esperança, e te convido a tais reflexões sobre o estranho sentimento de amizade que nos liga, a nós desconhecidos, neste desafiador 2020.
Em frente, sem perder a ternura, jamais!
foto | Enrique Lopez por Pixabay