Projeto reformula apartamento da década 1950 preservando história e materiais da época
Que venham mais 60
Projeto reformula apartamento da década 1950 preservando história e materiais da época.
Um apartamento da década de 1950 que nunca passou por uma reforma pode não parecer o lugar ideal para se planejar viver de forma prática, sustentável e com soluções contemporâneas. No entanto, esse foi o desafio assumido e cumprido por Maurício Arruda, que renovou e ainda manteve a identidade dessa residência de 200 m² no bairro de Higienópolis.
O arquiteto e designer, que tem especialização em construções sustentáveis, conta que a premissa era dar amplitude ao imóvel. Para isso, quase todas as paredes foram derrubadas, mas sem deixar de lado a preocupação ambiental característica do trabalho de Arruda, que manteve e explorou muitos dos materiais originais. “Foi um processo quase arqueológico”, explica ele. Após a “escavação”, foi descoberto o piso de tacos de ipê, que agora contrasta com as paredes de concreto aparente.
A remoção de alvenarias transformou o apartamento em um loft flexível, pois o casal de proprietários gosta de ter liberdade para mudar a disposição de móveis, além de adorar receber visitas. Com esse briefing, toda a área social foi aberta e formou um único grande espaço que engloba living, cozinha, jantar, biblioteca e home theater. Apenas os cômodos de uso íntimo — as duas suítes, o lavabo e a lavanderia — permaneceram separados do restante da casa.
Para garantir a flexibilidade pedida pelos clientes, o arquiteto apostou em móveis multiuso, como a mesa de bilhar que se transforma em mesa de jantar, modificando a função do espaço. Além disso, o projeto previu uma série de layouts diferentes nos ambientes.
Um exemplo disso é o home theater, que pode ser montado em quatro posições distintas devido à criação de diversos pontos de instalação dos equipamentos. A versatilidade aparece também no quarto do casal, onde há a opção de se posicionar a cama em três paredes e ainda ter tomadas e interruptores sempre ao alcance.
O lado sustentável é reafirmado no décor leve e descontraído que se adequou não só à história do imóvel, mas também a da família ao incorporar peças de seu acervo, como as cadeiras Thonet no quarto do casal e no living, um sofá vintage na sala de estar, tapetes orientais e uma biblioteca que foi convertida em cristaleira. Os itens antigos se harmonizaram perfeitamente aos móveis com inspiração retrô assinados por Arruda, que marcaram presença também a pedido dos clientes.
Tantas mudanças estruturais e funcionais pediram a substituição total de todo o sistema elétrico e hidráulico. Portas e esquadrias também foram trocadas. “Esse trabalho foi feito para durar mais 60 anos”, afirma o profissional.
Por Marina Sola
Fotos Victor Affaro e Ivan Shupikov
Matéria Publicada em Revista Decorar 103.
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