Traçado preciso
Ser bem-sucedido em de um dos mais importantes escritórios do país em sua área é uma das grandes conquistas de qualquer profissional. Para Deborah Roig, esse foi apenas o início de seus mais de 20 anos de carreira como designer e arquiteta. Ela conta que escolheu o ramo porque sempre gostou de alterar ambientes. “Adorava mudar móveis de lugar, produzir a casa com detalhes e surpreender os convidados. Também me divertia imaginando como seriam os ambientes das plantas de anúncios imobiliários, pois na época não existia apartamentos decorados, nem imagens em 3D (risos)”.
Foi ainda na faculdade que ela começou a trabalhar em um grande escritório de arquitetura e lá permaneceu como coordenadora por alguns anos, até sentir que queria traçar seu próprio rumo. “Fui para Londres em busca de novos desafios e lá estudei lightning design e antiquariato. Quando voltei já comecei meu próprio escritório”, relata.
A decisão mostrou-se certeira. Em seu escritório, Deborah administra 30 projetos no momento e já contabiliza outras centenas, sendo cinco deles no exterior. Segundo ela, uma das chaves para o sucesso é a relação intensa com seus clientes, os quais se orgulha de poder chamar de amigos. “Sou muito próxima deles, já fiz ao menos dois projetos para a maioria, o que demonstra nossa afinidade”, diz.
A sinergia entre profissional e cliente é o foco de sua atenção no primeiro contato. “Entendê-los e vivenciar um lifestyle próximo é imprescindível. Escuto suas expectativas sobre a
nova morada, preferências de cores e revestimentos, se querem algo aconchegante, moderno, impactante, etc”, explica. Sobre seu trabalho, é essencial para ela deixar claro alguns pontos funcionais nos quais acredita. “Acredito em ambientes integrados, sustentáveis – explorando a luz natural e materiais recicláveis – e confortáveis”.
Além disso, ela revela algumas de suas preferências estéticas, como o gosto por madeira e marcenaria detalhada, pois “causa impacto visual e é acolhedora”, pelos metais acobreados, “mais quentes que os cromados” e pela cor fendi como base, “tão chique quanto o cinza”.
Todas as características funcionais e visuais citadas aparecem nesta casa de 550 m², com terreno de 1.500 m², em Alphaville. O jovem casal de proprietários conhecia o trabalho de Deborah e pediu que ela repetisse suas marcas. Durante a semana, eles usariam mais o escritório e precisavam de um living integrado e aconchegante para jantares menores e reuniões íntimas. Já nos fins de semana o foco seria na área externa, que deveria ter tudo para entreter toda a família e amigos.
Perfil
“Sou muito próxima de meus clientes, tenho orgulho de todos serem meus amigos”
Naturalidade: São Paulo
Formação: design na FAAP (1992), arquitetura e urbanismo na FAAP (não concluído) e lightning design e antiquariato na Sotheby’s, Chriestie’s e Victoria & Albert Museum, em Londres
Tempo de atividade: 20 anos
Áreas de atuação: arquitetura, interiores e design autoral
Número de colaboradores no escritório: 6
Mostras de que participou: Casa Cor, Mostra Artefacto, CasaPronta Quartos, Quartos & Etc, Mostra D&D Shopping
Estilo que adota: tenho um estilo contemporâneo, mas acho interessante o mix de estilos e poucos sabem fazê-lo
Quatro características que definem seu estilo: detalhamento exclusivo, sustentabilidade, mix interessante de texturas e estilos, integração de espaços
Desafios da profissão: driblar as escolhas com o custo e o resultado visual
Luxo é: o simples enaltecido
Morar bem é: conforto com estilo
Bom design é: beleza com sustentabilidade
O cliente ideal é: aquele que compartilha das mesmas premissas do profissional
Referências que pautam seu trabalho: sustentabilidade, integração profissional, iluminação natural
Cores: realmente prefiro tons neutros para uma base atemporal. Para fugir do básico, uso muito o tom argila (fendi), que é tão chique quanto o cinza, só que com um toque ferroso
Um mobiliário: os de Hugo França
Um revestimento: madeira com certificado
Uma obra de arte: Museu Guggenheim Bilbao, de Frank Ghery
Uma obra de arquitetura: Naked House, de Shigeru Ban
Um ícone de São Paulo: a Pinacoteca
FOTOS Carlos Henrique dos Santos e Marcelo Magnani