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Natureza e arquitetura, design de interiores e natureza: uma relação cada vez mais necessária

coluna | por Rosana Parisi | @rosanaparisi

 

Acredito estarmos vivendo um tempo de reflexões, mudanças e necessárias renovações. 

Em um período assim, certamente podemos fazer uma análise que nos fale ou nos apresente pistas sobre nossa relação com a natureza: há uma natureza em que habitamos? Como ela habita em nós? Da forma que moramos, a natureza encontra-se presente? Como temos construído? Levamos em consideração em nossas escolhas a especificação de materiais naturais buscando impactar menos? Conhecemos o suficiente os usos potenciais desses materiais para especificá-los corretamente? O que em nossas casas, ou naquelas que fazemos para nossos clientes, vimos mudando ou inserindo para que essa conexão homem-natureza possa ser estabelecida ou reestabelecida?

 

São muitas questões, nem sempre muito simples de serem respondidas…

Em tempos não tão distantes, desde o final da década de 60 e na década seguinte, surgiram os primeiros fóruns e debates sobre o meio ambiente e a natureza. Desde então, muito se tem falado sobre o tema. Acredito sim que houve muitas conquistas, mas me convenço a cada dia que muito mais precisa ser feito para melhorar as relações entre a arquitetura, o design e a natureza. 

 

E nesse sentido, o exercício de projetar em arquitetura, de conceber espaços interiores, utensílios e objetos de bom design podem melhorar ou resgatar uma relação mais harmônica e necessária com a natureza que nos cerca de quem tantos proveitos retiramos.  Por meio de nossa arquitetura colonial e vernácula, podemos entender que materiais naturais foram empregados e contribuíram para proporcionar ambientes confortáveis, com abundante circulação de ar, agradáveis e aconchegantes. O uso da terra como material de construção, ora aliada ao uso da madeira, do bambu, ou das pedras, constituíram não só no Brasil, como ao redor de todo o mundo, um legado de referências importantes. 

 

Por isso mesmo, fazem-se necessárias, cada vez mais, releituras de importantes referências para que as construções e objetos contemporâneos gerem menores desperdícios e impactem menos a natureza.

 

Acredito que projetos e obras possam ser mais agradáveis, saudáveis, por vezes até mais encantadores e inovadores a partir de recursos naturais ou reaproveitados, disponíveis em abundância. 

 

Assim menciono alguns profissionais que vêm “mudando os hábitos” ao projetar e construir, levando em consideração as lições da natureza e os materiais reaproveitados: o africano e ganês Diébédo Francis Kéré, o japonês Shigheru Ban, a alemã Anna Heringer, que afirma que “a arquitetura é uma ferramenta para melhorar vidas”, a designer chilena Bernardita Marambio e, também, alguns arquitetos brasileiros como Raymundo Rodrigues & Marcos (Reco) Borges, da Oikós Ecologia do Habitat, Márcio Viera Hoffmann e André Heise da Taipal Arquitetura e Construção com Terra, Carlos Solano com seu conceito de casa saudável, os conhecidos Irmãos Campana, Domingos Tótora, Maurício Azeredo e Carlos Motta, entre os designers que prezam pelo reaproveitamento de materiais. Novas abordagens e denominações como o design biofílico vêm também incorporando a natureza nos projetos, mas o mais importante é que cada vez mais profissionais das áreas da arquitetura, designer e correlatas projetem, especifiquem e executem um número maior de soluções que, ao integrarem a natureza e matérias naturais estarão potencializando menor impacto ambiental, conforto, qualidade e satisfação para a vida das pessoas. E o melhor de tudo? Bons projetos e bons objetos possuem a qualidade intrínseca de causar maior satisfação à vida das pessoas. Vale conferir! 

 

Quatro Elementos – Villa Di Paulo, em São José do Rio Pardo, projeto assinado pela arquiteta Rosana Parisi. As taipas foram executadas pela Taipal Construções em Terra

 

fotos | Lucas Rezende

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