Por Oscar Luigi Marzorati
Art nouveau, o estilo que nasceu da coexistência entre a cultura materialista ocidental e a cultura conceitual oriental.
Na onda da coexistência entre cultura materialista ocidental (com requinte) e cultura conceitual oriental (sem requinte), nascera um estilo que, com certa fraudulência, tentou chegar a um acordo: pode-se ter requinte, mas será diferente e reduzido ao mínimo. Esse estilo é o
Art Nouveau (
Liberty na Itália,
Jugendstil na Alemanha,
Sezessionstil na Áustria).
Estamos entre 1800 e 1900. Famosas são as peças do austríaco
Josef Hoffmann, com requinte mais sóbrio e abstrato. Importante nesse sentido é o palácio da Secessão vienense (1898), de
Joseph Maria Olbrich, que apresenta em cima dele uma cúpula totalmente construída em folhas de ferro douradas. Essa é a sublimação daquele acordo: o requinte torna-se estrutura. Interessante é ressaltar como a mutação cultural abrangeu todos os aspectos artísticos, pois a ideia projetual do palácio veio de um desenho do pintor
Gustav Klimt.
[caption id="attachment_6208" align="alignleft" width="1024"]
Palácio da Secessão Vienense, 1898, de Joseph Maria Olbrich[/caption]
É nesse clima de turbulência cultural que um belo dia apresenta-se um jovem arquiteto austríaco e suas idéias totalmente polarizadas. Ele é
Adolf Loos e muita polêmica suscitou seu texto
Dekor Ist Ein Verbrechen (o requinte é um crime), aventurando-se em afirmações que atualmente seriam consideradas politicamente muito incorretas. A história reconhecerá justamente a importância do trabalho de Adolf Loos, inclusive como a óbvia reação à uma cultura burguesa que tinha superado o limite, que não se cansava de “comer” e “vomitar” todos os estilos que encontrava e que deu vida ao
Art Nouveau com o único objetivo, no fim, de esconder atrás de uma nova fachada suas reais intenções, ou seja, aquelas de sempre.
[caption id="attachment_6210" align="alignleft" width="237"]
Poltrona com encosto regulável, 1905, Josef Hoffmann[/caption]
[caption id="attachment_6209" align="alignleft" width="242"]
Beethovenfries, 1901, Gustav Klimt[/caption]
Na atualidade, o
Art Nouveau é sinônimo de peças lindíssimas e prédios sem iguais, homenageado inclusive pelo cineasta italiano
Luchino Visconti em seus filmes, como
Morte em Veneza (1971), baseado no homônimo romance de Thomas Mann. Para Adolf Loos, ao contrario – e tem que compreender o contexto em que viveu ele –, essa insana tentativa da burguesia da época de dar vida a um estilo que pudesse colocar em acordo cultura ocidental e cultura oriental era no mínimo patética. Não faltarão nem outras posições extremas em contestação à cultura dominante: nesse
input nasceram o
Expressionismo alemão e, sobretudo, o
Futurismo italiano. Enquanto explode a Primeira Guerra Mundial e, logo depois, o debate sobre o design levará o mundo em direção à uma cultura “racionalista”, absolutamente privada de requinte.
[caption id="attachment_6212" align="alignnone" width="1024"]
Casa Muller, em Praga, 1928-1930, Adolf Loos[/caption]
[caption id="attachment_6211" align="alignnone" width="1024"]
American bar, 1907, Adolf Loos[/caption]]]>