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Colecionar, comercializar, amar

cidade: vintage & antiques | Sergio Zobaran | Foto: Beto Riginik

PAIXÃO VIRA PROFISSÃO NA VIDA DE JACK LUNA

Uma vez advogado, para sempre colecionador, o paranaense Jack Luna, radicado há 23 anos em São Paulo, tem posições firmes sobre a profissão de antiquarista que abraçou em paralelo à carreira vitoriosa no direito. Enquanto toca os escritórios de sua Curitiba natal e da capital paulista, comparece aos domingos à sua barraca de antiguidades no MuBE, voltada especialmente para os clássicos dos séculos 18 e 19, mas com perfume de século 20 quando a peça é boa e lhe chama a atenção a ponto de comprá-la – até mesmo de algum colega da feirinha, antes de sua abertura semanal ao público no vão do prédio em concreto do museu projetado por Paulo Mendes da Rocha em pleno Jardim Europa.

“Existem colecionadores de dois tipos: os que acumulam qualquer tipo de objeto e aqueles que visam a permanência de sua coleção. E, neste caso, o importante é que o objeto seja especial e bom – e, o ideal, que seja bonito”, pensa Jack, que começou a gostar do assunto aos 15 anos, trocando e comprando, e agrupa em casa as suas coleções de forma orgânica, sincrônica e simultânea, e nem sempre as comercializa. Afetividade para ele é algo que conta, como no caso de um manuscrito de Carlos Drummond de Andrade que ganhou de presente, e “jamais será vendido, trocado ou doado!”.

Importância da peça e procedência, naturalmente, também são critérios importantes na hora da escolha e da compra, sempre carregada de emoção, no caso do colecionador, e da sua permanência em casa, palco de sua admiração constante.

“Sem mensagem não há coleção”, diz ele, que tem clara preferência pela arte sacra brasileira “porque são peças que transmitem, além da beleza, uma paz, que não é necessariamente ligada à religiosidade”. Para Jack, a coleção tem a ver com cada pessoa, “porque é a própria construção de sua vida”, como no caso de seu cliente Alex Atala, um chef sempre em busca de novas/velhas panelas. Em tempos de arte que privilegia a instalação, o advogado-colecionador-antiquarista também aprecia a arte moderna e contemporânea, que exibe em seu apartamento nos Jardins junto à brasilidade antiga que tanto admira, vende e que sente falta nas decorações em geral.

Foto em destaque: coleções na casa do antiquarista de arte sacra.

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