Viva o mogno africano
design de produto | por Sergio Zobaran | @sergiozobaran
MADEIRA NOBRE E SUSTENTÁVEL
Ambiente em destaque no topo da página: para expor e organizar, a estante compôs um ambiente da Casa Cor Minas de 2018. Foto: Jomar Bragança.
Esqueça aquele mogno avermelhado que se associava aos índios brasileiros e, infelizmente, a móveis de gosto duvidoso – essa madeira está em extinção e não pode mais ser extraída no Brasil.
Viva o Khaya Ivorensis, o mogno africano, ameaçado em seu continente de origem, e que começou a ser plantado há 11 anos no Brasil por um grupo de dez empresários mineiros ao norte do seu estado, a partir de mudas da Embrapa.
Hoje já são 1.400 ha crescendo em fazendas destes investidores e em outras compradas por eles justamente para este plantio que visa sua extração após 18 anos. Acontece que, aos 10 anos de idade, é necessário abrir espaço e fazer um desbaste na mata para que algumas árvores maiores desta madeira nobre e macia consigam receber o sol e se alimentar dos nutrientes do solo, subindo sem disputas até 17 m.
Faz-se então um inventário das que não irão crescer tanto… E estas já vêm sendo cortadas por um de seus produtores, Raphael Valle Cruz, através de sua empresa, a Khaya Woods: “Estamos desenvolvendo um painel maciço formado por várias ripas que são secadas em estufas, coladas e depois prensadas, resultando em um revestimento
excelente para interiores, bancadas e móveis”, ele diz, acrescentando que não se trata de madeira boa para piso ou peças de área externa.
A beleza do mogno chamou a atenção de diversos designers procurados pela marca, e as peças que eles vêm criando
têm sido expostas em inúmeras mostras e feiras como a High Design, realizada em São Paulo, a Semana Criativa de Tiradentes e a Modernos Eternos de Minas Gerais, e a Mostra + Sustentável de Campinas, SP, entre outras. “Os campos onde plantamos eram antigos pastos degradados, e o que extraímos tem manejo sustentável, na terra
que cumpre seu ciclo de regeneração da floresta”.
A estante se destaca no delicioso ambiente de Bruna Figueiredo na mostra Modernos e Eternos de BH, em 2018
Bar no ambiente de Márcia Carvalhaes na terceira edição da mostra Modernos e Eternos de BH
Fotos: Gustavo Xavier.