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Acima das nuvens

exterior | René Fernandes

TERRAS ALTAS TRAZEM UMA FAZENDA DOS SONHOS

São 30 alqueires de terra mineira, a três horas de carro de São Paulo, em Gonçalves, município que atinge 2.100 m de altitude na Serra da Mantiqueira, em plena Mata Atlântica preservada. Lá está a fazenda do jovem casal paulista, com dois filhos. E sua sede “é uma casa brasileira, com certa nostalgia europeia”, define René Fernandes, autor do projeto, ao lado da sócia Adriana Rossi.

O arquiteto explica: “o ar propositalmente ‘caipirachic’ reflete em seu despojamento – por dentro e por fora – os desejos dos donos, filhos de fazendeiros pelos dois lados”.

Acompanhando a topografia local, o único platô existente (“no limite do limite”) foi o lugar escolhido para implantar a construção de alvenaria de 600 m ² dividida em dois andares, enfiada na terra e aberta em forma de U para a vista espetacular – e tão do alto que chega a ficar acima das nuvens.

A casa foi construída respeitando o relevo montanhoso e, para ressaltar a vegetação nativa, a área foi adornada com plantas de diferentes espécies.

A terra da região, tão utilizada quanto as pedras locais, deu textura e cor à fachada que abriga interiores brancos como na grande sala e em mais duas áreas sociais. E muita cor nas quatro suítes que surgem em rosa, verde e azul. A cozinha com seu fogão à lenha foi integrada à sala de jantar, e ainda tem as demais áreas de serviço, e um solarium. No piso, tijolos à exceção dos banheiros, que receberam ladrilhos hidráulicos ou cimento queimado. E todas as janelas foram feitas com madeira de demolição. Vigas roliças e de seção retangular, também de madeira, dão um belo movimento visual e o suporte interno necessário ao telhado.

O lugar paradisíaco com clima temperado de altitude – lareiras foram distribuídas lareiras pela casa – é perfeito para quem ama estar junto no meio do mato, como essa família, para quem o lazer é a caminhada pelas trilhas, já que são andarilhos contumazes.

As sacadas dos pavimentos superiores permitem a integração dos ambientes internos e externos. A fachada com tons terrosos traz rusticidade ao projeto.

O estilo de vida do campo é caracterizado por diferentes elementos: o teto com vigas de madeira aparentes e a coifa acobreada sobre o fogão à lenha.

A piscina está ali meio disfarçada com seu trampolim de pedra, e a diversão maior é aproveitar as diversas cachoeiras que o terreno possui. René pontua:

“Neste caso sou um ‘arquiteto de família’, pois já fiz algumas casas para eles em uma década, e durante um ano inteiro ia toda semana até a fazenda para acompanhar a obra – foi um grande prazer”.

Note as árvores do paisagismo de Laila Fernandes, entre algumas espécies plantadas, como os álamos, plátanos e os lindos liquidâmbares.

Acompanhe pelas legendas das fotos o mobiliário mix&match de colonial brasileiro com móveis do século 18 que vieram de outras fazendas da família, além de móveis rústicos assinados e peças garimpadas por aí.

Com toques modernos mais evidentes, o sofá foi reformado e recebeu tecido de veludo do Empório Beraldin e couro da Novitá. Os pufes são também da Noviitá. Grandes Janelas intensificam a iluminação natural.

O banheiro ganhou peças antigas: o lustre e a mesa de cabeceira herdada da mãe do proprietário. Décor que dialoga com a madeira de demolição que reveste o piso.

Texto: Sergio Zobaran | @sergiozobaran | Fotos: Valentino Fialdini

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