A receita do conceito
office | Por Sergio Zobaran | arquiteto Gustavo Neves @____gneves____
O TERÇO, COM PROJETO DE GUSTAVO NEVES, FAZ UM ANO NA VILA NOVA CONCEIÇÃO
Eles eram três – dois chefs de cozinha e uma sommelière – quando se uniram para fazer um novo local, até então um
desejo sem conceito, mas com o propósito básico de ser ao mesmo tempo um restaurante e um bar. Luiza Hoffmann e Luiz Gustavo Moraes, os chefs, junto com Gabriela Bagarelli, a expert em cartas de vinhos, um trio naquele momento (2017), hoje formando um quarteto com Sayuri T., chamaram o arquiteto Gustavo Neves, para pensar o espaço também ainda sem nome.
E a primeira providência dele foi dividir o espaço de 120 m² em três, sendo o de pé-direito mais alto dedicado ao restaurante, o de pé-direito mais baixo ao bar, além de um terceiro para a cozinha. Se a intenção dos três sócios-fundadores pedia algo diferente no bairro, a Vila Nova Conceição, em São Paulo, e o mood era o de ter uma arquitetura internacional, porém despojada, “tudo levava para um desenho mais triangular, do piso à iluminação”, quando entrou na parada a agência Wonder.iD, que finalmente criou o nome O Terço – a partir dos três sócios e espaços, dos triângulos de luz no teto que Gustavo bolou – e seu conceito.
Fazendo uma releitura simples do chic, Gustavo pensou, desde a fachada com textura brutalista (“para passar despercebida”, como se isso fosse possível, em se tratando de sua arquitetura), em um lugar onde as pessoas gostassem de entrar, ficar, comer e beber bem, ouvir um jazz. A porta principal, com 1,25 m de largura, dá acesso
a um túnel de ardósia com 4 m de comprimento no pé-direito baixo e quando se abre, o pé-direito é duplo – uma porta secundária, com 2,5 m de largura fica na parte do lounge, e se abre nos dias em que colocam mesas na calçada, neste que é seu primeiro projeto de bar em dez exatos anos de carreira.
Lá dentro, trabalhando também na dualidade, entre o brilho e o fosco no balcão do bar em bloco de cimento com filetes de latão, o projeto ganhou, desde o chão, uma textura especialmente desenvolvida em dois tons de cinza. Quase todos os móveis foram desenhados por Gustavo, como as cadeiras de ferro e madeira estofadas, os sofás, as banquetas.
De resto, tudo vintage: outras banquetas, poltronas, mesinhas… A arte encomendada a Patricia Bagarelli, irmã de Gabriela, a sommelière premiada, completa e orna o trabalho do arquiteto que chama a atenção do mercado brasileiro de forma pública há três anos, com suas participações nas mostras de decoração Casa Cor/SP e também da Casa Cor de Miami, e da Modernos Eternos paulistana 2018 para a Deca.
A fachada brutalista.
O conforto do mobiliário autoral e vintage.
O restaurante em si com as cadeiras desenhadas por Gustavo.
A bancada do banheiro e o pilar: mistura de materiais.
Fotos: Salvador Cordara
novela de genesis 20/02/2021 at 12:28 am
Postagem muito boa. Acabei de descobrir seu blog e
gostaria de dizer que gostei muito de olhar seus posts. Em
qualquer caso, vou subscrever o seu feed RSS e espero
que volte a escrever em breve. 🙂